quinta-feira, 5 de julho de 2007

COMENTARIOS SOBRE "PEDAGOGIA DA AUTONOMIA"

O livro “Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa” é uma verdadeira aula, não apenas no seu “formato”, mas principalmente uma aula de vida, refletindo um verdadeiro pensador, Paulo Freire, em que este discorre sobre os saberes com muita propriedade e se permitindo a repetição, como forma de chamar a atenção do leitor para o cerne do seu objetivo, do seu pensamento.
Vejo-o, também, como uma aula de cidadania, em que o autor procurou exercitar algo raro - aliar a prática ao pensamento, à teoria, no sentido de dar exemplos e saber que é visto como tal, que a sua postura influencia pessoas, consciente de que ensinar é intervir no mundo.
É um livro com aplicabilidade diária, no sentido que se pode utilizar o seu embasamento em diversas circunstâncias do cotidiano, em que existam relacionamentos humanos, em que se ensina e se aprende constantemente, tal como na relação empresários / empregados, pais / filhos, pastores / fiéis, professores /alunos, eis que os primeiros não sabem tudo e deveriam praticar o saber ouvir, livre de preconceitos, ter uma conduta pautada na ética e considerar a experiência do outro e a sua realidade de vida, ter humildade para reconhecer que ao tempo que ensina, aprende, com a consciência de que podemos mudar o mundo, a partir da mudança do nosso, com senso crítico e não embaçado por qualquer ideologia e, principalmente, praticando o discurso utilizado.

domingo, 17 de junho de 2007

Educação faz milagre?

Texto de Gilberto Dimenstein, publicado na Folha de São Paulo, em 12/06/2007

Educação faz milagre?

Recebi um número que faz com que a resposta do título acima seja a seguinte: não faz milagre. Mas quase.
O número é a taxa de desemprego da cidade de Piracicaba, interior de SP, refletindo-se nos 25 municípios de seu entorno: 6% negativos. Isso mesmo, negativos. É raríssimo ouvirmos semelhante porcentagem. Ocorre que lá se transformou num dos centros mundiais de inovação em energia alternativa, mais precisamente do álcool, gerando mais emprego do que a oferta de trabalhadores é capaz de suprir.
Isso é possível porque há cem anos se construiu lá uma escola de agronomia -- a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP)--, a qual atraiu centros de pesquisas. Nesse momento, a cidade está montando sofisticados arranjos produtivos para que se desenvolvam mais pesquisa e, assim, mais inovação, atraindo mais empresas. Isso obriga mais formação de mão-de-obra estabelecendo um círculo virtuoso.
O que acontece em Piracicaba, assim como em alguns arranjos produtivos locais no Brasil, revela nosso custo por não investir no conhecimento e, assim, não estimular o espírito empreendedor. Justamente por isso que São José dos Campos (SP), graças ao ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), fez do Brasil um pólo exportador de avião, algo aparentemente impensável para um país pobre. Ou que se possam construir disputados programas de internet num bairro do Recife.
PS - Coloquei no meu site (www.dimenstein.com.br) exemplos pelo Brasil de arranjos produtivos, além do caso de Piracicaba. É o que de mais sofisticado uma cidade pode desenvolver.
Como constatamos, a exemplo do primeiro texto postado, a educação continua fazendo a diferença, em algum momento da vida. mj

terça-feira, 12 de junho de 2007

COMENTÁRIO SOBRE: “Criando Oportunidades de Aprendizagem Continuada ao Longo da Vida”

“CRIANDO OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM CONTINUADA AO LONGO DA VIDA” – Artigo de José Armando Valente (a ser publicado na Revista Pátio – Artes Médicas Editora)

Trata o artigo da valorização atual do conhecimento e da aprendizagem e da forma como as pessoas aprendem e adquirem conhecimento e o dissemina.
Quando crianças, existem nos indivíduos a predisposição em aprender de maneira não formal – isto é, fora da escola, de uma maneira ativa (caçador-ativo).
Com o passar dos anos, da infância à juventude o indivíduo tem priorizada a educação formal – ou seja, na escola, de modo passivo (receptor-passivo).
Na idade adulta, já profissionais, as pessoas podem usar tanto a predisposição de caçador-ativo quanto a de receptor-passivo, dependendo da ocasião.
Valorizando-se a idéia da educação continuada, em que o indivíduo aprende e ensina durante toda a sua existência, caberia à escola um papel de facilitador da aprendizagem. Mas a escola ainda não se apercebeu para este fato, em que pese ser ela, atualmente, o único ambiente de aprendizagem, mesmo com a preocupação da sociedade em adotar ou disseminar outros ambientes.
Cabe à escola descobrir, então, o seu verdadeiro papel na sociedade moderna, devendo, para isto, mobilizar-se para tal e entender a necessidade e a importância da aprendizagem continuada, que depende da confluência de três fatores: a predisposição da pessoa em aprender, a informação organizada e agentes que facilitem a aprendizagem.

COMENTÁRIOS SOBRE O FILME “O SORRISO DE MONA LISA”

O sorriso de Mona Lisa (Mona Lisa Smile) é um filme de 2003 dirigido por Mike Newell e escrito por Lawrence Konner e Mark Rosenthal. O título é uma referência à "Mona Lisa", famosa pintura Leonardo da Vinci.
O filme é ambientado no início da década de 50, nos Estados Unidos da América, retratando uma tradicionalista escola feminina – Wellesley College.
A sociedade, a família, a diretoria da escola e a própria postura das alunas, inicialmente, são extremamente tradicionalistas. ´É neste ambiente que irá trabalhar a educadora Katharine Watson (Julia Roberts), com propostas educacionais que vão de encontro aos métodos de ensino adotados pela escola e bem assimilados pelas alunas, jovens inteligentes, mas que demonstram, inicialmente, uma postura passiva de não só de aprendizagem, mas também em relação à própria vida.
Em que pese a dispendiosa educação das moças, o que lhes reserva o futuro é a missão de se tornarem esposas cultas e dedicadas, sendo-lhes vedado, pela família, qualquer outro.
Exigindo uma atitude mais reflexiva e participativa das alunas, aos poucos a professora vai criando um ambiente de mudanças e conseguindo delas uma nova postura diante da vida, em que novas oportunidades surgem, mas sem podar o direito de escolha de cada uma, ao final, respeitando a decisão de cada uma.


É esta atitude que espera de um educador, que atuando como facilitador da aprendizagem, transmita ensinamentos e encoraje posturas que proporcionem aos alunos condições de decidirem suas vidas de maneira responsável.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

CAER – Um testemunho

BALSAS/MA – 1964
População em torno de 6.000 habitantes
Distância da capital, São Luis – 850KM.

CAER – Centro de Assistência de Educação Rural
O CAER consistia em dar formação religiosa e cultural a um certo número de pessoas da zona rural, escolhidas dentre as mais disponíveis e com qualidades de liderança. Os escolhidos freqüentariam durante um mês, no ano, aulas sobre matérias do ensino primário, técnicas agrícolas, primeiros-socorros, didática e outros ensinamentos necessários ao processo planejado.O aluno concluiria o Curso ao final do terceiro ano de freqüência. Esta experiência foi tão proveitosa que o Curso foi reconhecido pela Secretaria de Educação do Estado do Maranhão, que passou a conceder o diploma de “MESTRE LEIGO” ao aluno que concluísse o Curso. Com a finalidade básica de trazer a melhoria da vida da população sertaneja, nos vários níveis de sua realidade, o CAER lançou as bases do desenvolvimento das futuras Comunidades Eclesiais de Base, que deram ao homem do campo visão mais crítica de suas condições de vida, tornando-o mais comprometido com a mudança social.

Texto extraído (com pequenas adaptações) do livro Pe. Ângelo de La Salandra: Uma vida, uma missão – Autora: Maria do Socorro Coelho Cabral..

BALSAS/MA – 1975
Neste ano eu era aluno do Colégio Pio X – sob a direção do Pe. Ângelo, um dos quatro grandes da cidade, ao lado da Escola Técnica (Contabilidade), Ginásio Balsense e Escola Normal.

BALSAS – 2007
População – 80mil habitantes
Notícia da Revista FOCUS (editada na cidade)
O primeiro processo seletivo da Faculdade de Balsas foi realizado no último dia 14 de janeiro, com 683 candidatos inscritos para 300 vagas em três cursos: Administração, Ciências Contábeis e Sistemas de Informação.

O padre Ângelo, um dos idealizadores e executores do CAER costumava repetir aos seus alunos que “devíamos estudar não só para a escola, mas para a vida”. Aos professores, dizia que eles eram “o espelho da comunidade.”

É gratificante ver as sementes plantadas por um educador germinarem e darem inúmeros frutos bons. De certa forma, partícipe do processo, vivenciei a luta deste italiano de nascimento e brasileiro de coração para que nos tornasse verdadeiros homens, com uma grande preocupação social, por meio da educação. Posso garantir-lhes que vivi com inúmeros conterrâneos que, vindo das terras áridas e da dura rotina sertaneja, sem desmerecer os ficaram na terra, abraçaram-se aos estudos, como tábua de salvação ou em busca de mais oportunidades e, hoje, são profissionais de sucesso, nos mais diversos ramos, ajudando, em muitos casos, aos familiares que ficaram e, como pais, disseminam os ensinamentos do mestre não só aos seus filhos. Este foi o grande mérito do Padre Ângelo, que com uma visão de futuro, formou homens multiplicadores não só conhecimentos, mas também de atitudes.